Deputados sobrando em Minas após decisão do TSE
Os mineiros deveriam examinar com cuidado a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de aumentar, em dois, o número de deputados federais do Estado. Será que ela vem para beneficiar
Minas? Como alertamos recentemente, nossa bancada na Câmara, formada
atualmente por 53 deputados, tem grande dificuldade para se unir em
defesa dos interesses dos mineiros. Não vem facilitar, uma bancada de 55
parlamentares.
O aumento da bancada para Minas, Pará, Ceará, Amazonas e Santa Catarina
(os três primeiros terão mais dois deputados cada e os outros mais um)
será compensado pela redução da bancada de oito estados. Desse modo, não
haverá reflexo no orçamento da União. Porém, pela atual legislação
eleitoral, quando aumenta a bancada federal, eleva-se também,
proporcionalmente, o número de deputados estaduais. Os cálculos das
bancadas foram refeitos pelo TSE, por causa da variação da população dos
estados, entre 1998 e 2010.
Se prevalecer a decisão, a partir das eleições de 2014, a Assembleia
Legislativa de Minas Gerais teria 79 deputados e não mais 77. Os
mineiros sabem, mais ou menos, quanto pesa no bolso sustentar esses
deputados. Cada um recebe R$ 22,2 mil mensais de salário e subsídios,
mais R$ 20 mil da chamada verba indenizatória. Mas o gasto não se
limita a isso, tanto que o orçamento do Legislativo mineiro neste ano é
de R$ 367,36 milhões.
O aumento das despesas, com mais dois deputados, não teria importância
frente a grandiosidade da dívida estadual, que em agosto de 2011 já
ultrapassara os R$ 69 bilhões
e só vem aumentando. Mas é relevante, pois qualquer incremento da
despesa reflete na elevação da dívida, que nas atuais circunstâncias já
foi classificada como “impagável” pelos que defendem mudança na forma de
correção da dívida do Estado com a União.
Portanto, não há motivos de satisfação com essa decisão do TSE,
aprovada na última terça-feira por cinco votos a dois, e que poderá ser
contestada no Supremo Tribunal Federal. Por sinal, os dois votos
contrários são de ministros do STF: Marco Aurélio Mello e Cármen Lúcia,
esta também presidente do TSE. Ambos argumentaram que não caberia ao TSE
decidir sobre a mudança, mas sim ao Congresso. Quarta-feira (10), o
presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), disse
que estuda recorrer da decisão do TSE.
Ele faria melhor ainda se estudasse a melhor forma de avançar com a
indispensável reforma política, emperrada no Congresso Nacional.
Editorial do jornal hoje em dia
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